The Economist mostra balanço da preparação do país e destaca escândalos na CBF
Do R7
Alex de Jesus/AE Dilma "congela" Teixeira e coloca Pelé como a cara do Mundial de 2014 no exterior, diz revista inglesa
O trabalho que a presidente Dilma Rousseff tem feito pela Copa do Mundo de 2014 é excelente, mas esbarra em um problema: uma das figuras mais manchadas do futebol mundial, o presidente da CBF e do COL (Comitê Organizador Local), Ricardo Teixeira. É isso que a revista inglesa The Economist, uma das mais importantes do mundo no setor econômico, destaca em extensa reportagem sobre a organização do Mundial no Brasil.
Intitulada “Os gols contra do Senhor do Futebol”, a matéria faz um apanhado das ações que o governo federal e as administrações estaduais e municipais estão realizando para preparar o país para o maior evento do futebol mundial. Alguns números escancaram o atraso que já preocupa a Fifa, como a falta de obras de mobilidade urbana, principalmente no transporte público. Apenas nove dos 49 projetos para melhoria nessa área já saíram do papel, diz a revista.
Mas o maior destaque fica por conta da dificuldade que a presidente Dilma enfrenta para fazer uma preparação limpa. Ela já demitiu quatro ministros suspeitos de corrupção, mas é obrigada a conviver com Teixeira, suspeito de estar envolvido em alguns dos piores escândalos do futebol mundial.
A revista conta parte da carreira do cartola, que está no comando da CBF desde 1989 graças ao apoio de seu ex-sogro, João Havelange, que foi presidente da Fifa durante quase 25 anos, até 1998. Em 2001, o Congresso Nacional descobriu irregularidades e fez 13 acusações contra Teixeira, referentes ao contrato de uma empresa de material esportivo com a seleção brasileira. Entre outras coisas, o dirigente teve seu nome envolvido com lavagem de dinheiro e evasão fiscal.
Além disso, um programa de televisão da rede BBC acusou Teixeira de receber suborno na década de 1990 para negociar direitos de marketing para jogos do Brasil. No início de 2011, um dos responsáveis pela candidatura da Inglaterra para sediar a Copa de 2018, David Triesman, disse que o brasileiro pediu dinheiro para votar no país.
Várias das denúncias apresentadas pela Rede Record e outros meios de comunicação brasileiros contra Teixeira também ganharam destaque. Em 2008, o cartola teria recebido cerca de R$ 9 milhões, via outra empresa, a Ailanto, para promover o amistoso entre Brasil e Portugal, realizado no Gama (DF). Uma das acionistas da empresa é Vanessa Almeida Preste, que atua no ramo de moda mas, além de ser sócia da Ailanto, arrendou terras para o presidente da CBF na mesma época.
O Ministério Público do Distrito Federal, que abriu ação de improbidade, classificou o caso como "aberração". Apesar de receber os R$ 9 milhões, a Ailanto não gastou nenhum tostão para promover o jogo. Todas as despesas foram bancadas pela Federação Brasiliense de Futebol.
A revista inclusive cita a Rede Record, que foi a uma das fazendas de Vanessa, conversou com funcionários e mostrou que nenhum deles sabia quem era a sócia da Ailanto e dona das terras.
No final, a reportagem aponta que as coisas podem mudar em breve para o chefão do futebol brasileiro. Com Dilma no comando das ações da Copa, Teixeira já perde espaço. A presidente está tentando “congelar” o presidente da CBF e nomeou Pelé como embaixador honorário do governo brasileiro. “Com todo o respeito a Fifa e a CBF, a cara do torneio no exterior será Pelé”, disse Dilma à revista Carta Capital.
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