Foi assim com Flávio Costa (1949 e 1950), Sebastião Lazaroni (1989 e 1990) Zagallo (1997 e 1998), Carlos Alberto Parreira (2004 e 2006) e Dunga (2007 e 2010). Todos conduziram o time à conquista continental, mas fracassaram no Mundial. Por outro lado, Parreira (1993 e 1994) e Luiz Felipe Scolari (2001 e 2002), perderam a Copa América, mas foram mantidos no cargo e acabaram campeões do mundo na sequência.

Mano Menezes tem a missão de conduzir o atul campeão Brasil ao seu nono título na América do Sul, o quinto nas últimas seis edições, incluindo o último em 2007. Para isso, conta com uma equipe mesclada entre jovens craques e experientes jogadores remanescentes da Copa do Mundo de 2010, na África do Sul. A principal novidade, que irá disputar a sua primeira competição com a amarelinha, é o atacante Neymar, do Santos, que aos 19 anos já ostenta o status de estrela. Não é para menos. Campeão da Libertadores na semana passada, Neymar é cobiçado por diversos clubes europeus e atrai os holofotes para um possível duelo com o argentino Lionel Messi.

No entanto, ele não é o único responsável por tentar derrubar os donos da casa e quebrar a escrita contrária a Mano. Os meias Paulo Henrique Ganso e Lucas são outros garotos com talento capazes de mostrar um futebol de qualidade. Junto com eles, a experiência do goleiro Júlio César, do zagueiro Lúcio, do lateral Daniel Alves e do atacante Robinho são as principais armas brasileiras.

Na primeira fase, o Brasil terá pela frente Venezuela, Paraguai e Equador, no Grupo B. Se brasileiros e argentinos confirmarem o favoritismo e se classificarem em primeiro lugar de suas chaves, os dois grandes rivais só se enfrentam na grande final, em Buenos Aires, no dia 24 de julho. Porém, o time de Mano pode ter pedreiras nas quartas ou semifinal, como o fortalecido Uruguai, quarto lugar no Mundial no ano passado.

Ganhar ou perder a Copa América, como mostra a história, não reflete diretamente no desempenho da seleção na Copa do Mundo seguinte. Mas Mano Menezes tem motivos de sobra para tentar contrariar os números. Em oito jogos no comando da equipe, o treinador soma cinco vitórias, um empate e duas derrotas. O problema é que os tropeços foram justamente contra os únicos adversários mais fortes que ele enfrentou (derrotas para Argentina e França e empate com a Holanda). Se por um lado um fracasso no torneio sul-americano pode representar pressão para cima dele, o sucesso dentro da casa da Argentina pode significar um impulso de tranqüilidade no atual trabalho de renovação visando a Copa no Brasil.

Na Copa América de 1949, Flávio Costa levou o Brasil à taça com seis goleadas e show de Jair Rosa Pinto, mas em 50 perdeu o Mundial dentro do Maracanã para o Uruguai de Gighia. Em 1989, foi a vez de Lazaroni ser campeão continental com a dupla Romário e Bebeto em casa ao vencer o Uruguai, mas cair nas oitavas da Copa de 90, na Itália, para a Argentina de Maradona e Caniggia. Em 1997, o Brasil de Ronaldo triunfou diante da Bolívia com direito ao "vocês vão ter que me engolir" de Zagallo, mas no ano seguinte veio a fatídica derrota para a França de Zidane na decisão. Dunga foi o último a provar da maldição, ao conquistar o título sul-americano em 2007 com uma seleção sem vários titulares, desbancando a favorita Argentina na final, e depois ser eliminado nas quartas de final da Copa de 2010 para a Holanda de Sneijder.

Do outro lado da história ficam os técnicos Parreira (que já passou pelas duas situações) e Scolari. Parreira caiu na Copa América de 1993 contra a Argentina nas quartas, nos pênaltis, no entanto, levou o Brasil ao tetracampeonato mundial nos Estados Unidos em 1994, contando com a genialidade do artilheiro Romário e com o pênalti mal batido do italiano Roberto Baggio. Já Felipão era o treinador na surpreendente eliminação na América em 2001, quando sua equipe perdeu para Honduras nas quartas. Porém, o penta veio na Copa de 2002, na Coreia do Sul e no Japão, marcando a redenção do Fenômeno Ronaldo diante da Alemanha na finalíssima.

Agora em 2011, Mano Menezes vai iniciar a sua trajetória diante da Venezuela, neste domingo, na cidade de La Plata, tentando derrubar essa sina. O objetivo é não entrar em nenhuma dessas duas listas citadas. E, sim, se tornar o primeiro treinador campeão da Copa América e da Copa do Mundo em sequência. A tarefa é dura, primeiro ser dono do continente dentro da cada da arquirrival Argentina, depois transformar em realidade o sonho do hexa mundial em 2014 com festa em território brasileiro. No discurso, Mano aponta os hermanos como maiores candidatos à conquista sul-americana, na prática, como ele mesmo diz, só o tempo vai dizer "quem vai se colocar como favorito".

"A Argentina é favorita da mesma maneira como o Brasil é favorito para a Copa de 2014. Se analisarmos o fator local e o jejum de conquistas da Argentina, é claro que fizeram um planejamento para essa Copa América. Mas isso é teoria, a competição vai começar e aí vamos ver na prática quem vai se colocar como favorito", afirmou Mano.

FICHA TÉCNICA:

BRASIL
Melhor colocação na Copa América: 8 vezes campeão, em 1919, 1922, 1949, 1989, 1997, 1999, 2004 e 2007 )
Participações: 32
Treinador atual: Mano Menezes
Jogadores: Goleiros: Júlio César (Inter de Milão) e Victor (Grêmio); Laterais: Daniel Alves (Barcelona), Maicon (Inter de Milão), André Santos (Fenerbahce) e Adriano (Barcelona); Zagueiros: Lúcio (Inter de Milão), David Luiz (Chelsea), Luisão (Benfica) e Thiago Silva (Milan); Volantes: Ramires (Chelsea), Lucas Leiva (Liverpool) e Sandro (Tottenham); Meias: Elano (Santos), Elias (Atlético de Madri), Paulo Henrique Ganso (Santos), Jadson (Shakhtar Donetsk) e Lucas (São Paulo); Atacantes: Neymar (Santos), Robinho (Milan), Fred (Fluminense) e Alexandre Pato (Milan)