Clone do Boi Bandido herda jeito nervoso e coloca medo em peão

Daniel Mirone será desafiado pelo touro Zangão, primeiro animal de rodeio clonado no Brasil. Com apenas cinco anos, bicho pesa quase uma tonelada

Por Guilherme Marques Rio de Janeiro

 

Zangão, o clone do Boi Bandido (Foto: Divulgação)

Ninguém brilhou mais na novela “América”, exibida pela TV Globo em 2005, do que um animal. Não teve para Tião, vivido por Murilo Benício, nem para Sol, personagem interpretada por Deborah Secco. O maior astro se chamava Bandido. E ele era um boi. Falecido 2009, o bicho deixou alguns sucessores. Além dos filhos, provenientes de cruzamentos com outros animais, três clones fazem sucesso no mundo rural. O maior deles se chama Zangão. Pelo nome, dá para perceber que não deve ser lá um bicho muito dócil. Mas há quem se arrisque a aceitar um desafio sobre ele.
Natural de Paulínia, no interior de São Paulo, o peão Daniel Mirone é o corajoso. Nesta segunda-feira, ele irá montar em Zangão, no encerramento de um rodeio na cidade paulista onde ele nasceu. Há um ano e meio sem competir por conta de uma lesão na coluna, Daniel confessa estar com um certo medo, mas ele promete concentração para tentar vencer o desafio sobre o bicho.
- Por enquanto eu não estou muito nervoso, mas quando for chegando a hora de montar, vou ficar com medo. Vai dar aquela apreensão, mas depois que começar, tenho que ficar calmo, concentrado. Acredito que passo de três segundos – afirmou o peão, se referindo ao tempo máximo que alguém já conseguiu ficar em cima de Zangão.
Bandido era 'incomparável'
Pesando cerca de 900kg, Zangão, que tem apenas cinco anos, é motivo de orgulho para seu dono, o empresário Paulo Emílio Marques. O animal foi o primeiro de rodeio a ser clonado no Brasil. Além dele, outros quatro clones do Boi Bandido foram fabricados, mas dois morreram. Os três que sobraram têm todos nomes bem sugestivos: Zangão, Matador e Carrancudo. Para Paulo Emílio, apesar de os “filhos” terem herdado as características de Bandido, o “pai” é incomparável.

Daniel Mirone em ação: desafio agora será mais
complicado para o peão (Foto: Divulgação)

- O Bandido já nasceu com uma índole, a alma dele era uma só. É que nem ter gêmeos que não são exatamente iguais. Mas todos puxaram muitas características do Bandido, são bem nervosos também. O Zangão foi o que mais pulou entre esses três, e a maior qualidade dele é, com certeza, ser clone do Bandido, que era um animal único. Mas lá na fazenda o pessoal tem muito medo do Zangão também – revelou o proprietário.
As características herdadas pelos clones garantem a Paulo Emílio uma boa fonte de investimento. Isso porque a genética dos bichos é a mesma de Bandido. No entanto, o empresário garante que não consegue nem mensurar o valor financeiro que tinha o animal. “De R$ 2 milhões para lá”, afirma. Montar em touros tão valorizados até assusta alguns peões, como contou Daniel Mirone. Mas será que ele nunca teve nem vontade de montar no Bandido?
- Não. A gente não podia ter confiança nele. Era muito agressivo, se ele só pulasse, tudo bem, mas ele caiu algumas vezes, era muito pesado, e isso assustava o competidor – contou o peão sobre Bandido, que pesava mais de uma tonelada.
Essa será a segunda vez que o touro Zangão será exibido para o público em uma arena de rodeio.